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Guerra do Ópio

No final do século XVIII, a China enfrentava um crescente aumento do consumo de ópio entre sua população, o que acabava resultando em, além de sérios problemas de saúde causados pela droga, também uma grave crise social. O ópio é um produto obtido da Papoula, usado como anestésico, mas que também provoca efeitos colaterais, como: sensação de calmaria; sono; euforia. Por outro lado quem faz uso dessa desenvolvem dependência muito rapidamente sendo que após 12 horas a pessoa apresenta sintomas de abstinência, sendo necessárias doses cada vez maiores para alcançar o efeito desejado.

O principal acesso do ópio ao território chinês, eram os navios ingleses, pertencentes à Companhia Britânica das Índias Orientais (The East India Company),  a qual era uma companhia privada, pertencente a ricos comerciantes britânicos, a rainha, na época, concedeu o monopólio do comércio com o extremo oriente. Esses navios a princípio tinham permissão para atracarem na região de Cantão (Guangzhou), porém, não tinham autorização para comercializar ópio. 

De maneira inescrupulosa, a população chinesa foi  fortemente estimulada ao vício, e as sanções impostas pelo imperador eram constantemente ignoradas, dessa forma, o imperador Daoguang (道光帝), após incontáveis tentativas de acabar com a droga em seu país, reuniu-se com os governadores, e, ouvindo todos os lados decidiu, por sua vez eliminar de vez o ópio de seus territórios. Dessa forma, o indicou Lin Zhexu (林则徐), um homem conhecido por ter um sólido valor moral e pela sua forte ligação na luta contra a comercialização do ópio, para ir até a província do Cantão, para que de todas as formas ele pudesse conter a disseminação do ópio pelo país. Chegando ao Cantão, Lin Zhexu percebeu que os chineses estavam trocando produtos valiosos como: prata, porcelana, chá e seda por ópio, sendo que a prata estava escoando de tal forma para fora do país que já começava a prejudicar a economia. Lin Zhexu escreveu uma carta para a rainha Victoria, pedindo que parasse de comercializar ópio, no entanto não houve resposta da monarca e ao mesmo tempo, a China sofreu duras críticas por parte da Inglaterra, que dizia que seus súditos estavam sofrendo humilhações ao terem suas mercadorias (carregamentos de ópio) confiscadas. A partir de então o combate contra o ópio começou a se intensificar e em 1839 a China ordenou apreensão de aproximadamente 20 mil baús de ópio e sua comercialização foi definitivamente proibida. A Grã-Bretanha declarou guerra contra a China, e sendo mais forte em poder bélico, com armas mais tecnológicas, derrotou a China.

Tratado de Nanquim

Ao perder a primeira Guerra do Ópio, a China foi obrigada a assinar um tratado, que os chineses chamavam de tratado desigual pois não foi assinado entre nações em igualdade de condições, sendo inclusive realizado após uma guerra que atenta contra a soberania do país, nesse tratado havia 12 artigos, os mais relevantes eram: A China deveria abrir cinco portos: Cantão, Xiamen, Fuzhou, Ningbo e Xangai, além se suspender todas as restrições de comércio impostas; os ingleses poderiam fixar moradia nas cidades portuárias; não haveria mais mediação de oficiais no processo comercial; o governo chinês deveria pagar todas as dívidas britânicas com os comerciantes chineses e mais 21 milhões de dólares como pagamento pelo ópio que foi queimado; a tarifa de importação seria de 5%, a maior do mundo naquela época; Hong Kong deveria ser concedida à Inglaterra como propriedade perpétua, e então se tornou a porta de entrada de todo o ópio que vinha da Índia. Apesar disso o comércio ilegal do ópio no país, o causador da guerra, em nenhuma momento foi citado.

Precedentes

A assinatura desse tratado abriu precedentes para outras nações fazerem o mesmo com a China, a partir deste, aproximadamente vinte tratados desiguais foram assinados entre a China e os seguintes países: Estados Unidos, França, Rússia, Japão e a própria Grã-Bretanha. Na maioria dos casos, a China foi obrigada a realizar reparações financeiras por meio de grandes quantias e a ceder seus territórios (Manchúria para a Rússia, Taiwan para o Japão, e Jiazhou para a Alemanha). Outros países, também sofreram imposição por meio de tratados desiguais, entre eles: Sião (atual Tailândia) e Reino Unido, Vietnã e França, Coréia e Japão.

Segunda Guerra do Ópio

Em 1856, autoridades chinesas prenderam tripulantes de um navio que já havia sido tripulado e comandado por piratas, e que estava com a sua autorização expirada, no entanto sua tripulação era de chineses nativos, o comandante do navio, aproveitando-se disso, iniciou um ataque com o pretexto de que a China havia descumprido uma cláusula do tratado de Nanquim.

A Inglaterra, nesse momento, contava com o apoio da França e novamente iniciou uma guerra contra a China, no que resultou em uma nova derrota e um novo tratado desigual, no Tratado de Tianjin, no qual, fizeram novas imposições, dessa vez, onze portos deveriam abrir para o comércio ocidental, Pequim deveria receber uma embaixada permanente do Império Britânico, o Rio YangTze deveria ser aberto para a navegação ocidental.

Em 1859 quando o Império Britânico enviou seu representante para instalar a embaixada em Pequim, os chineses novamente resistiram, mas no ano seguinte, foi enviada uma nova expedição com britânicos e franceses para tomar Pequim, como consequência dessa expedição foi incendiado o Palácio de Verão pertencente ao Imperador Xianfeng, e junto com o palácio, foram queimados inestimáveis tesouros artísticos.

Por fim o Imperador da China Xianfeng se retirou de Pequim, e seu meio-irmão, o Príncipe Gong assumiu o governo.

 

Autora:

Cláudia Fainello

Professora

 

Referências:

The Opium War, Captivating History.

Sampaio, Thiago Henrique. As considerações de Marx sobre as Guerras do Ópio e suas consequências na sociedade Chinesa (1839 – 1860). Revista Espaço Acadêmico. Nº 174, Ano XIV. ISSN 1519-6186.

The Opium Wars: A History From Beginning to End. Hourly History

Ygua, Ruben. A história da China.

 

12 de abril de 2022

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