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As lições em inovação da China para o mundo pós-coronavírus

Em meio aos desafios da pandemia, empresas chinesas seguem a tendência de agregar valor aos seus produtos enquanto minimizam os custos de seus negócios

Inovação pode ser considerada a base da criação de valor de muitos negócios. Durante a pandemia, temos acompanhado empresas ao redor do mundo acelerando a digitalização de seus serviços para desafiar o status quo de seus nichos de atuação. A crise de saúde global que enfrentamos tornou mais urgente a demanda por soluções inventivas à altura do momento.

 

Na China, essa pauta já é uma constante dentro dos mais variados setores. O velho slogan “made in China”, ligado a uma indústria de cópias baratas e produtos falsos, tornou-se obsoleto e não recebe mais incentivos nos planejamentos de longo prazo do país. Desde 2015, acompanhamos uma transformação estrutural, cuja pedra angular foi o plano governamental “Made in China 2025”, que permitiu a injeção de incentivos em setores estratégicos, a criação de uma legislação acolhedora à inovação e boa receptividade da população com relação ao uso de novas tecnologias.

Muitos ainda ficam admirados ao perceber que o país asiático, quando comparado com outras potências, possui uma vantagem tecnológica de alguns anos. Notadamente, em relação ao Brasil, podemos estimar uma vantagem em cerca de 10 anos. Alguns modelos de negócios que ainda estão em fase de experimentação em outros países já podem ser classificados como maduros na China, tais como “Internet Plus”, inteligência artificial, big data e blockchain.

Em outras palavras, se em um momento anterior à pandemia a oferta de inovação na China já era assombrosa, na realidade pós-covid-19 será ainda mais impressionante. A imposição do distanciamento físico como principal medida de prevenção da doença tem impulsionado a formulação de saídas arrojadas para negócios que visam atender às necessidades do mundo em isolamento.

É o caso, por exemplo, do Ping An Good Doctor, a maior plataforma chinesa de assistência médica, que passou a fornecer atualizações e aconselhamentos relacionados à covid-19 em seu aplicativo. O projeto foi tão bem-sucedido que, durante o isolamento, a plataforma foi acessada mais de 1,1 bilhão de vezes em apenas 20 dias. Os números foram tão impressionantes que gigantes da tecnologia como Baidu, JD e Tencent seguiram a estratégias similares para aumentar o fluxo de usuários.
Podemos citar também o caso da Beike, uma plataforma online de locação imobiliária que oferece tours virtuais por meio de aparelhos de VR (sigla em inglês para realidade virtual). Somente durante a pandemia, a corretora teve mais de 10 milhões de exibições de propriedades. Essas visitas eram disponibilizadas remotamente aos potenciais compradores durante o lockdown. A empresa reportou, em março de 2020, um aumento expressivo de 35 vezes o número de exibições em comparação com março de 2019.

Outro exemplo é a plataforma de recrutamento Veryeast.cn, que inovou ao permitir que as empresas de turismo, gravemente atingidas pela interdição de viagens internacionais, pudessem “emprestar” seus funcionários a setores que tiveram crescimento exponencial durante o isolamento, tais como empresas de logística. Ao compartilhar esses funcionários temporariamente, as empresas de turismo tiveram uma redução de custos trabalhistas. Em outros termos, puderam ter um alívio enquanto seus negócios se mantivessem inativos, ao passo que a empresa de recrutamento pôde valorizar seu serviço.

Em meio aos desafios de fluxos de caixa, essas empresas seguiram a tendência de agregar valor aos seus produtos por meio da inovação, enquanto minimizavam os custos de seus negócios, recorrendo às ferramentas de tecnologia. Muitas também se valeram dos modelos analíticos de big data, projetando ajustes de informações necessárias às suas operações durante a pandemia, enquanto aprimoravam os produtos já existentes e/ou desenvolviam novos negócios. Vale ressaltar que manter a alta performance durante períodos de trabalho remoto foi fator preponderante ao sucesso dessas companhias.

Desse modo, enquanto milhares de empresas enfrentam a falência na China pós-lockdown, outras, surpreendentemente, emergem mais fortes do que nunca, por meio da única chance de sobrevivência que possuem: inovação. Assim, à medida que o resto do mundo ensaia o retorno às atividades econômicas, a China se prepara para dar uma verdadeira aula, com modelos de negócios que devem se tornar um norte para os mercados estagnados do pós-pandemia.

 

Rodolfo Barrueco é advogado, empresário, cofundador do Observa China, fomentador do Innovation Hub do IBMEC (Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais).

Fonte: Nexojornal

14 de julho de 2020

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