Celebração chinesa milenar: Festival do Barco do Dragão

O Dragon Boat Festival, Duānwǔ Jié (端午节) ou Festival do Barco do Dragão, é uma comemoração que acontece há mais de 2.000 anos na China, sempre no quinto dia do 5º mês do calendário lunar (para nós, fica entre maio e junho). É um dos feriados nacionais mais aguardados do ano pelos chineses.

Para celebrá-lo, os chineses costumam tirar três dias de folga, período em que não trabalham e comumente realizam viagens. Neste ano, comemora-se em 14 de junho .

Ainda que seja uma data comemorada há mais de um milênio, essa festividade só foi consolidada como feriado nacional no ano de 2008. De acordo com o blog China Link Trading, “sua importância cultural é tamanha que tornou-se Patrimônio Cultural Imaterial Nacional em 2006, e, em 2009, o Festival ainda foi alçado como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela UNESCO”.

Qu Yuan: poeta chinês que teria inspirado o Dragon Boat Festival

A origem mais popular do festival é a da história do poeta Qu Yuan (475 a 221 a.C), famoso por ser um dos maiores nomes da poesia chinesa com trabalhos que expressavam fortemente seu sentimento de patriotismo.

Após ser exilado acusado de traição, Qu Yuan, que era cadete do exército de Chu, teria se afogado propositalmente no Rio Miluo, no quinto dia do quinto mês lunar, após saber que o Reino de Chu – onde nasceu e serviu – tinha sido invadido pelo rival, o Reino de Qin. Com a morte do poeta, a lenda diz que os moradores locais passaram a buscar seu corpo no rio, mas nunca encontraram. Assim, começaram a remar seus barcos ao longo do Miluo, batendo tambores para afugentar maus espíritos e jogando pedaços de arroz glutinoso (sticky rice) para os peixes comerem ao invés de se alimentarem do corpo não encontrado de Qu Yuan.

Existem duas outras origens menos populares deste feriado. Uma delas faz menção à lenda de Wu Zixu (722 a 481 a.C), um general também proveniente do Reino de Chu. Xi Shi, uma bela mulher enviada pelo rei Goujian do estado de Yue, era muito amada pelo rei Fuchai de Wu. Wu Zixu, descobriu a perigosa trama de Goujian, alertou o rei Fuchai, que ficou furioso com a acusação. Wu Zixu foi então forçado a cometer suicídio por Fuchai, com seu corpo lançado ao rio no quinto dia do quinto mês. Após sua morte, em lugares como Suzhou, Wu Zixu é lembrado durante o Festival do Barco-Dragão.

A terceira lenda relacionada à origem do Dragon Boat Festival seria a de uma jovem chamada Cao E (130 a 143 d.C.), que teria morrido ao tentar recuperar o corpo do pai Cao Xu, que morreu afogado ao cair em um rio da Província de Zhejiang, durante o festival do barco do dragão. Para reaver o corpo, a jovem teria pulado no rio, e buscado por 3 dias morrendo afogada no mesmo local. Cinco dias após o acidente do pai encontraram o corpo de ambos, e o rio que antes se chamava Shun, passou a se chamar Rio Cao E.

Hoje em dia, as tradições de comemoração do festival envolvem:

• Corrida de barcos em formato de dragão
• Comer zongzi – uma forma de bolinho de arroz envolto em folhas de bambu, que pode ser recheado com variados tipos de alimentos e é preparado no dia anterior.
• Pendurar XIang bao nas paredes: sachês coloridos e perfumados, feitos à mão, contendo ervas com propriedades inseticidas e antifúngicas, como a artemísia chinesa e o calamus, pois acredita-se que são capazes de afastar energias negativas e doenças.

O festival é visualmente majestoso, porém não podemos esquecer do seu intrínseco significado, formado por valores que devem ser compreendidos universalmente pelas mais variadas culturas: honra, amor, virtude e lealdade.

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